A Chapada dos Veadeiros é um importante divisor e berço de águas. É drenada por afluentes dos Rios Maranhão e Paranã, formadores do Rio Tocantins que, por sua vez, busca ao norte, a Bacia do Rio Amazonas. Constitui-se de superfícies aplainadas (planalto), com assoalhos levemente inclinados, entalhados por veredas e morros. Um enorme platô com área de 4.492km quadrados, e altitude média de 1.200 m, está situado no ponto mais alto do Planalto Central do Brasil. Na altura do Paralelo 14, a 1676 metros, encontra-se o pico do Pouso Alto, o ponto de maior altitude do Planalto Central. Suas nascentes são os principais formadores da bacia do Rio Tocantins, um dos últimos mananciais de águas não poluídas do planeta.
Os principais sítios geológicos e geomorfológicos da Chapada dos Veadeiros são preservados no Parque Nacional da Chapada dos Veadeiros. A divulgação destas belezas é importante, uma vez que a região apresenta grande potencial para o turismo e a preservação dos sítios está associada ao conhecimento de sua importância, fragilidade ou raridade.
Seus primeiros habitantes foram os índios Avá Canoeiros, Crixás e Goyazes. Por volta de 1730, começam a chegar os primeiros bandeirantes, tendo como missão mais significativa a Bandeira do Anhanguera. Traziam escravos negros, que logo fugiam para os vãos entre as montanhas, onde constituíam comunidade e que até hoje vivem isoladas (kalungas), ao norte do município de Cavalcante, cidade que foi eixo e matriz da ocupação de toda a Chapada. O marco decisivo para o povoamento da região de Alto Paraíso foi, em 1750, a implantação da propriedade do Sr. Francisco de Almeida : a Fazenda Veadeiros, que passa a ser um pequeno núcleo de colonização, no qual foram se agrupando lavradores que se dedicaram à pecuária, ao cultivo de trigo e café. O nome da chapada faz referência aos caçadores de veado-campeiro.
Em 1892, a comissão exploradora do Planalto Central, comandada por Luíz Crulz chega com a finalidade de delimitar a área da futura capital do Brasil. Em setembro de 1926 a célebre Coluna Prestes atravessa a Chapada. Em 1931, a serviço do Correio Aéreo Nacional, o brigadeiro Lisias Rodrigues passa por Veadeiros, vindo de São Paulo em direção a Belém. Esta visita resulta na magnífica obra literária “O roteiro do Tocantins“.
A descoberta a primeira grande jazida de cristal-de-rocha da Chapada e o povoamento de São Jorge também remontam o início do século XX. Vários acampamentos de garimpeiros acabaram se transformando em povoados e cidades. Com a inauguração de Brasília (1960), toda a região do entorno começa a refletir as profundas transformações desencadeadas a partir deste evento.
Na década de 70, começaram a chegar novos tipos de habitantes às cidades da região. Eram pessoas que deixavam a rotina estressante dos grandes centros urbanos em busca de uma vida melhor no campo.
Em 1980 dois fatos específicos, de origens diversas, porém complementares, tornam-se um marco decisivo para a realidade atual: o projetos Alto Paraíso e o movimento Rumo ao Sol. O primeiro, projeto com apoio governamental, instalou equipamentos urbanos: hotel, aeroporto, asfalto e novo planejamento territorial. Visava criar, a partir do turismo e da produção de frutas nobres, um pólo regional de desenvolvimento do nordeste goiano, mas o projeto nunca chegou a ser finalizado. Seu idealizador, Ary Valadão Filho, sofreu um acidente fatal quando caiu com sua aeronave em alto Paraíso. Ainda existem na cidade, o asfalto, a pista do aeroporto e várias construções feitas nesta época.
O movimento “Rumo ao Sol”, diferentemente, buscava a instalação e desenvolvimento na área de comunidades alternativas, baseando-se em conceitos do naturalismo e do misticismo. O projeto, que era como um movimento hippie, atraiu a primeira grande leva de migrantes para a região. Esse movimento também se enfraqueceu logo, mas ficou na cidade de Alto Paraíso a herança riquíssima desses neocolonizadores: um modo de viver típico, tornando Alto Paraíso uma cidade diferenciada de todas as outras do Estado de Goiás.
Com a implementação do Ecoturismo, no início da década de 90, a Chapada dos Veadeiros e as comunidades com ela relacionadas vem experimentando diversas transformações políticas, sociais e econômicas.